terça-feira, 20 de outubro de 2015

Desafio - conhecendo novos blogs


Fui desafiada pela Patrícia Marques do blog: http://patriciaiscooking.blogspot.pt para responder a algumas perguntas. Por isso aqui vão as minhas respostas:


1. Se soubesses que o mundo acabava amanhã o que escrevias hoje no teu blog?

Se o mundo fosse acabar acho que já não importava muito o que escrevesse. Tentaria passar todo o tempo com o meu filho e pessoas de quem gosto e esperaria que os outros fizessem o mesmo. 

2. Nunca te sentes intimidada com o conhecimento de que foge ao teu controlo quem lê o que escreves?

A ideia é mesmo que o máximo de pessoas leiam aquilo que escrevo e é-me muito agradável ter esta ideia de que consigo chegar às pessoas, mesmo a quem não conheço e não me conhece de lado nenhum, mas claro que haverá sempre algum receio do julgamento alheio ou de ser mal entendida ou mal interpretada. 

3. E intimidada com o poder influenciar a vida de pessoas que nunca virás a conhecer pessoalmente?

A internet realmente é algo fabuloso neste sentido e permite-nos chegar a mais pessoas do que alguma pensaríamos ser possível. Mas para mim é muito gratificante essa sensação de que posso chegar às pessoas e transmitir aquilo em que acredito por isso mais do que intimidada sinto-me sempre grata por essa possibilidade. 

4.  Para que/quem serve realmente o teu blog?

Acho que serve para pais e mães e outros educadores que estejam interessados em perceber que existem outras formas diferentes de educar os filhos que, por enquanto, ainda fogem ao que é  mais comum e que procuram informação alternativa mas, ao mesmo tempo, assente num trabalho sério de pesquisa e de compreensão do desenvolvimento infantil. 

5. Se pudesses escolher outro país/outra língua onde o teu blog fosse lido como o é em Portugal qual seria? Porquê?

O português tem a vantagem de nos permitir chegar a outros países, como o Brasil, onde sei que algumas pessoas também lêem o meu blog. Mas, se o conseguisse traduzir seria, sem dúvida, para inglês que é a língua universal nos nossos dias e que nos permite chegar a quase todos os pontos do globo. 

6. Se pudesses escolher um só blog para ler e seguir qual seria?

Essa é uma pergunta muito difícil para mim porque tenho interesses muito variados, desde as questões relacionadas com o desenvolvimento infantil e com a educação, passando pelo yoga e pela meditação até aos direitos dos animais e à alimentação. Por isso não consigo mesmo destacar apenas um (até porque eu própria tenho já três, com estes temas diferentes). 

7. O que te faz sorrir?

O sorriso do meu filho e as coisas que diz e faz nas suas brincadeiras. 

8. E o que te faz chorar?

A forma como, infelizmente, ainda respeitamos tão pouco as crianças, os animais e o planeta. 

9. Se pudesses viver até aos 150 anos como seria acordar nessa data?

Acho que não seria muito simpático se todas as pessoas de quem gosto hoje em dia já tivessem morrido. Por outro lado, como sou optimista, esperaria encontrar um mundo mais empático e evoluído em muitas coisas. 

10. És quem gostarias de ser?

Tento aceitar-me a cada dia como sou e não me impor grandes metas ou expectativas por isso, hoje, acho que posso dizer que sim. 

O desafio consistia ainda em escolher três blogs a quem fazer mais dez perguntas que podem ser as mesmas ou repetidas ou uma mistura de novas com as que já foram feitas. Escolho estes três blogs:

http://veggiecomidadeliciosa.blogspot.pt/

http://www.omeletassemovos.com/category/blog/

http://ikigaipassion.weebly.com/

E aqui vão as perguntas: 

1. Porque decidiste criar o blog? 

2. Porque escolheste este nome para o blog? 

3. O que te inspira para escrever no blog? 

4. Se pudesses mudar algo no mundo o que seria? 

5. Como imaginas o teu blog daqui a 5 anos? 

6. Quais os teus conselhos para uma vida saudável? 

7. O que procuras nos blogs que lês? 

8. O que é que o blog tem trazido para a tua vida? 

9. Para que/quem serve realmente o teu blog? 

10. O que gostarias de alcançar com o teu blog? 


terça-feira, 13 de outubro de 2015

O normal e o patológico *

Há uns dias ouvi a conversa de duas amigas sobre a irmã de uma delas que foi mãe há pouco tempo. Essa amiga contava que têm sido uns meses difíceis para a irmã porque o bebé não dorme mais de vinte minutos seguidos e os pais estão os dois muito cansados. A outra amiga respondia solidária que os primeiros tempos são mesmo assim e que os primeiros meses são sempre os mais cansativos, que depois as coisas vão melhorando. Essa mulher terminava dizendo que algo que uma amiga também já me tinha dito na altura em que estive grávida: que os filhos nos dão o melhor mas também o pior muitas vezes.

Depois desta conversa não pude deixar de pensar que vivemos numa sociedade em que existe uma enorme tendência para normalizar o que não é natural e para patologizar aquilo que é natural. Por vezes atendo algumas mães que chegam até mim com receio de contar que os filhos com 3 ou 4 anos ainda mamam, ou que dormem na cama delas, ou que não adormecem sozinhos. E, mesmo que muitas saibam que eu defendo abertamente a amamentação prolongada (que nem se deveria chamar prolongada visto que é apenas natural) ou o co-sleeping, é visível o receio de quem está habituado a ser constantemente criticado pelos profissionais de saúde ou pela sociedade em geral.

Não há nada de errado com uma criança que mama aos 3, 4 ou 5 anos de idade (ou mais). Não há nada de errado com uma criança que não consegue dormir sem a presença dos pais e não há nada de errado com uma criança que não consegue adormecer sozinha. Assim como também não há nada de errado com um bebé que pede constantemente colo. Mas, a maior parte das vezes, a sociedade faz-nos pensar que sim. Estes são mesmo os quatro aspectos que mais preocupam os pais que tentam estar mais atentos e conscientes das necessidades dos filhos - e que, infelizmente, que acabam por fugir da corrente -  porque são justamente aqueles que são mais criticados e mais mal vistos pela maior parte das pessoas. E são aqueles que muitos profissionais de saúde tendem a patologizar achando que são sinal de que algo poderá não estar bem com a criança ou que podem contribuir para criar algum tipo de insegurança ou para impedir o desenvolvimento da sua autonomia, por isso vale a pena falar um pouco de cada um deles.

Sobre a amamentação e o desmame natural

Em relação à amamentação, na verdade, não existe nenhuma idade certa para o desmame que deve acontecer apenas quando a criança sentir que está preparada para tal. De acordo com vários investigadores, e dependendo do tipo de indícios que se procurarem, a idade natural do desmame para a espécie humana andaria entre os 2 anos e meio e os 7. Esta margem grande depende do sítio onde procurarmos os argumentos válidos para o desmame: podemos comparar as crias humanas com as dos outros mamíferos nomeadamente os primatas, ou procurar saber como acontece ainda nas poucas sociedades que ainda vivem isoladas ou procurar vestígios arqueológicos que, com base na dentição, nos permitam saber até que idade era habitual mamarem os nossos antepassados. Então, com base nestes dados e também no facto de que o leite materno fornece todos os nutrientes de que a criança precisa durante o primeiro ano de vida e continua a fornecer uma série de nutrientes que são essenciais, pelo menos, durante os dois primeiros anos, podemos dizer que o que não será natural é que as crianças deixem de mamar antes dos dois anos de idade. Isto é mesmo o que a OMS recomenda, que a amamentação se mantenha, pelo menos, durante os primeiros 24 meses de vida da criança.

O leite materno também parece ter uma importância fundamental no funcionamento e desenvolvimento do sistema imunitário da criança que se forma principalmente nos dois primeiros anos mas que só se encontra totalmente desenvolvimento aos seis anos de idade, pelo que, até esta data provavelmente ainda existem benefícios importantes em fornecer este alimento às crianças. Mas, na verdade, aquilo que é normal hoje em dia, normal do sentido de ser o mais comum, é que as crianças parem de mamar muito antes dos dois anos de idade. Então estamos a normalizar aquilo que, na verdade, se seguíssemos o que é natural e desejável para um bom desenvolvimento, afinal não digo que devesse ser patológico mas não deveria com toda a certeza ser encarado com tanta naturalidade.

Mas, infelizmente muitos psicólogos e outros profissionais ainda ajudam a criar na cabeça das mães o receio de estarem a impedir a autonomia dos filhos quando lhes dão de mamar até mais tarde. Quando todas as investigações mais recentes mostram que, quer do ponto de vista biológico, quer do ponto de vista psicológico esta aproximação e este contacto que a amamentação permite só podem ser benéficos para a criança e não ganhamos absolutamente nada em retirar-lhe algo de que ela ainda sente falta.

Na amamentação também se misturam muitas questões mal resolvidas com a sexualidade e os fantasmas de uma psicanálise mais fundamentalista - com a sua ênfase excessiva na sexualidade infantil - ajudam a cimentar isso. Vivemos numa sociedade hipersexualizada, em que o corpo e a imagem da mulher são usadas para tudo: desde ajudar a vender carros até para dar audiências em séries de televisão. Vemos constantemente mulheres nuas ou semi-nuas em anúncios de revistas, ou cartazes de televisão como formas de apelar à compra e ao consumo. Mas, ao mesmo tempo, vivemos cada vez mais distantes dos nossos corpos e das suas funções naturais. Esta hipersexualixação de tudo é apenas reflexo de uma sociedade que quer usar todos os meios ao seu dispor para se alienar, de uma sociedade que vive tão desconfortável que procura por todos os meios esquecer esse desconforto encontrando fugas nos prazeres mais fáceis de obter. E a gratificação sexual é um prazer fácil e serve tão bem para fugirmos de nós mesmos como o consumo desenfreado ou o consumo de drogas ou outras substâncias. E, nesta fuga, acabamos por nos afastar tanto de tudo o que é natural que a visão de uma mulher a amamentar uma criança de dois ou três anos nos traz imediatamente a sensação de desconforto de quem já não consegue aceitar com naturalidade esse papel. Então precisamos de simplificar e voltar a perceber que o corpo da mulher pode servir para muitas coisas mas que uma delas é gerar e alimentar as crianças que dele nascem. Ou até mesmo as que não nasceram desse corpo porque existem casos de mães adoptivas que conseguem também amamentar, de tal forma é importante esse instinto.

Falei também de amamentação aqui

Sobre o co-sleeping ou a cama partilhada 

Em relação ao co-sleeping, este é um tema sobre o qual também existem muitos fantasmas. Fantasmas esses de que já falei neste artigo, que é mesmo o mais lido e partilhado deste blog - o que demonstra como este é um tema que incomoda tanto as pessoas. Mas o mais importante aqui é sabermos também que, na verdade, é muito mais natural a criança que precisa de dormir com os pais do que o bebé que, aos 4 ou 5 meses, já dorme sozinho no quarto. 

O sono é outra das grandes preocupações de muitos pais recentes. E na conversa destas amigas era aceite com naturalidade que o primeiro ano fosse muito difícil e que o bebé dormisse pouco. Mas não é aceite que um bebé precise do contacto dos pais para dormir o que, no entanto, é perfeitamente natural. Na realidade, se um bebé não dorme mais de vinte minutos seguidos, é preciso sabermos que isso não é natural. Os recém nascidos e bebés pequenos estão naturalmente programados para dormir muito e muitas vezes por dia. Então temos de perceber o que está a impedir aquele bebé de dormir e não apenas aceitar que pode ser natural que ele durma pouco porque há bebés que dormem menos. porque o sono é essencial para o bem desenvolvimento do bebé, do ponto de vista neurológico e não só e porque problemas de sono na infância podem mesmo repercutir-se pela idade adulta.

Acontece que, aquilo que os bebés, na grande maioria destes casos, precisam para dormir é justamente aquilo que achamos que não é natural: do nosso colo durante a maior parte do tempo. Há bebés que realmente só dormem bem em contacto com os pais. Isto não é errado e não tem nada de mal. Na verdade, é perfeitamente natural, esta necessidade de contacto físico que alguns bebés demonstram de forma mais veemente do que outros mas que todos têm em maior ou menor grau. E, estes bebés de que os pais se queixam que acordam ao fim de vinte minutos, na grande maioria dos casos, se lhes for permitido ficarem tranquilamente em contacto com os pais durante todo o tempo em que dormem, passam a fazer sestas muito mais compridas. O meu filho só passou a ser capaz de dormir algumas horas sozinho na cama a partir dos 8 meses. Antes disso precisava de estar todo o tempo em contacto comigo ou com o pai e se o tentássemos pousar também não dormia mais de 15 ou 20 minutos, ao passo que ao meu colo, confortavelmente instalado num pano, chegava a dormir sestas de 4 horas seguidas.

Da mesma forma que uma criança mais velha pode precisar de dormir na cama dos pais ou de ter companhia até adormecer e isto não tem nada de errado. Dormir é uma necessidade fisiológica, como comer, por exemplo, por isso não se ensina ninguém a dormir, todos os bebés nascem a saber dormir. E é algo que fazem bastante bem e com muita frequência se estiverem criadas as condições necessárias. Por isso é da nossa responsabilidade criar as condições necessárias para que a criança possa abandonar-se ao sono e sentir-se suficientemente segura para se deixar adormecer. E, em muitas casos, a nossa presença física pode ser uma condição essencial para essa segurança e não ganhamos nada em recusá-la. 

Falei mais sobre co-sleeping aqui.

Sobre o primeiro ano de vida 

Por outro lado, é frequentemente aceite que o primeiro ano de vida de um filho seja difícil e sofrido. Mas isto também não é muito natural. É verdade que nesta altura se dorme pouco, com um sono interrompido e nem sempre conseguimos organizar-nos para dormir o que precisamos ao longo do dia como deveriam fazer todas as mães de recém-nascidos. Mas também é verdade que este é um ano de descoberta, de enamoramento e, quando estamos apaixonados tudo se torna mais fácil.

Da parte do bebé é importante sabermos que um choro muito frequente também não é natural como tantas vezes se quer fazer querer. O choro não é de todo a linguagem do bebé como tantas vezes se diz. O bebé comunica de muitas formas: com o olhar, com os gestos, com o agitar de braços e pernas, com o sorriso, com o seu balbuciar e com todo o corpo quando se inclina para ir para o colo do pai ou da mãe, por exemplo. O choro é tanto a linguagem de um bebé como os gritos são a linguagem de um adulto. Quando o bebé chora é porque os seus primeiros sinais foram ignorados. Nos primeiros dias de vida a sua forma de comunicar ainda é muito limitada e também é natural que os pais tenham dificuldade em decifrar os seus sinais mas o natural, quando tudo corre bem, é que os pais comecem a decifrar cada vez melhor esses sinais e também que o bebé comece a ser cada vez mais capaz de se expressar, mesmo ainda sem falar. Por isso, quando tudo corre bem, é suposto que os períodos de choro intenso se vão tornado cada vez menos frequentes. Infelizmente somos demasiado tolerantes com o choro dos bebés e temos muita tendência para o desvalorizar e, se não é preciso entrar em pânico ou ficar ansioso porque o bebé chora com alguma frequência, é essencial que saibamos que é importante descobrir aquilo que o faz chorar. Escrevi este artigo sobre Como lidar com o choro de um bebé.

Do ponto de vista dos pais a parentalidade pode trazer consigo muitas sombras, emoções desafiantes e até sentimentos e recordações que nem sabíamos que existiam e que podem incomodar, por vezes. Mas, por outro lado, ser mãe ou pai de um bebé também é dos sentimentos mais gratificantes que existem. A natureza é sábia e não poderia ser de outro modo se queremos a continuação da espécie. E, quando tudo corre bem e é vivido com naturalidade o choro não é assim tanto e esse estado de paixão e de enamoramento sobrepõe-se facilmente ao cansaço.

Um bebé que está bem é um bebé que é fácil transportar para qualquer lado com um porta-bebés tornando muito mais fácil a vida dos pais. Além disso quando o bebé mama o facto de não ser preciso carregar biberões e outros alimentos também torna muito mais descontraídas e fáceis as saídas.

(Falei aqui sobre babywearing)

A parentalidade traz, naturalmente, desafios ao casal e passa a estabelecer-se uma nova dinâmica em que muita coisa muda. Mas, se a relação for sólida e se houver respeito e apoio entre ambos estes desafios são motivo para um crescimento que ambos farão juntos.

Uma das queixas frequentes nesta altura é o facto do pai se sentir um pouco à parte dessa dinâmica própria que se estabelece entre a mãe e o bebé e se criar assim uma emoção ligada a um ciúme mais ou menos consciente. Mas, se o pai estiver bastante envolvido na relação com o bebé consegue, deixa de se sentir à parte e pode retirar daí também uma gratificação importante para que se sinta feliz nesta nova fase da vida.

Em relação a este primeiro ano de vida então aquilo que é importante perceber é que, tudo pesado, cansaço físico e mudanças na família e na dinâmica, esta deve ser uma altura de felicidade e não de sofrimento. E, se notamos que o sofrimento começa a sobrepor-se demasiado a essa felicidade então é mesmo importante que procuremos ajuda. Até porque sabemos que os primeiros anos de vida são essenciais na formação do cérebro e de toda a personalidade futura da criança por isso é importante que sejam vividos com o máximo de qualidade. Sabemos, por exemplo, que uma depressão pós-parto não tratada tem um efeito muito negativo não apenas na mãe mas também no próprio bebé que passa a ter mudanças de comportamento que o poderão afectar para o resto da sua vida e influenciar muito a sua capacidade de estabelecer relações significativas e satisfatórias. Pode ler mais sobre isto aqui.

É muito importante que comecemos a ter noção da importância que tem a forma como falamos das coisas e a forma como a nossa linguagem pode contribuir para desvalorização daquilo que precisa de ser importante. E é também muito importante que sejamos capazes de ver que a forma como, hoje em dia, criamos os nossos filhos tem cada vez menos de natural e que muitos dos comportamentos que, infelizmente, são comuns, na verdade deveriam ser encarados com muito menos leveza. Importa também saber voltar a encarar com naturalidade os nossos instintos e a nossa natureza que, com toda a certeza nos lembram de como é natural dar aos nossos filhos todo o contacto físico de que necessitam para crescerem felizes e seguros, seja através do colo, da mama ou da cama partilhada. 

Para saber mais sobre este tema e sobre aquilo que seria natural para os nossos bebés, de acordo com vários investigadores e estudos recentes pode ler também este artigo.

* O normal o patológico é o nome de um livro clássico e polémico para a época de Georges Canguilhem, publicado em 1943, em que este filósofo francês questiona o conceito de normalidade e de doença, afirmando que não existe uma divisória bem definida entre as duas coisas que devem ser vistas mais como diferentes manifestações de uma mesma linha contínua.