quinta-feira, 9 de maio de 2013

Razões para não deixar um bebé a chorar sozinho

Quando o meu filho tinha ainda dois meses uma amiga sugeriu que desse uma vista de olhos num blog que ensinava os bebés a adormecerem sozinhos. O facto de ele adormecer no colo não era algo que me preocupasse, até porque ainda era tão pequenino, mas lá dei uma vista de olhos no tal blog que descrevia a forma de aplicar o método de Ferber que consiste em deixar as crianças chorar, sozinhas na sua cama, durante um certo período de tempo que vai aumentando progressivamente até que a criança acabe por adormecer sozinha. Nesse blog a mãe de uma bebé descrevia como a filha tinha chorado durante algumas noites sozinha, por um longo período de tempo até que, ao fim de algum tempo (não me lembro quanto) acabou por passar a adormecer sozinha sem chorar. O tempo que dura até que o bebé deixe de chorar depende, por um lado da sua própria personalidade - há bebé que desistem mais facilmente de tudo - por outro da coerência com que os pais o aplicam - se estes não responderem mesmo, de forma nenhuma ao choro do bebé, é natural que ele desista mais depressa.
Instintivamente senti que nunca seria capaz de fazer uma coisa dessas ao meu filho mas, o que é certo, é que os pais que o fazem estão convencidos de que é o melhor para seus filhos. Por isso não vale a pena criticar ou julgar, mas acredito que vale a pena apresentar argumentos válidos para mostrar porque é que este método prejudica muito mais do que ajuda e porque é que pode ser o suficiente para minar o vínculo tão especial que deve existir entre pais e filhos. Porque muitas pessoas ainda acham que esta é a melhor forma de por um bebé a dormir, aqui ficam as reflexões que tenho feito ao longo dos meus dois anos como mãe sobre este assunto, baseadas nas leituras que vou fazendo como psicóloga.

Alto grau de dependência - Em primeiro lugar, é importante percebermos que os seres humanos nascem com um alto grau de dependência. Quando comparamos um bebé humano com um animal que pode correr apenas algumas horas depois de nascer percebemos que as crias humanas nascem com um alto grau de imaturidade. Para que a nossa capacidade ao nascer fosse comparável à dos outros mamíferos precisaríamos de nascer com um cérebro equivalente ao de uma criança de três anos o que tornaria a passagem da sua cabeça pela pélvis da mãe impossível. Este grau de imaturidade significa que o bebé depende dos pais para tudo: durante os primeiros anos de vida estes são fundamentais para a sua sobrevivência. Assim, o afastamento dos pais é assustador para um bebé pequeno e o choro é um comportamento de alarme que serve para comunicar que algo não está bem. Se ignorarmos esse comportamento, eventualmente, ele acaba por se desligar, visto que não está a cumprir a sua função mas isto não quer dizer que o bebé não permaneça num estado de alarme e tensão. Existem estudos que mostram que, mesmo quando os bebés param de chorar e adormecem sozinhos, os níveis de cortisol na sua corrente sanguínea continuam anormalmente elevados, o que quer dizer que o bebé continua num estado de stress.

Somos mamíferos – o ser humano faz parte do grupo dos mamíferos, em que as
crias precisam de mamar durante um período de tempo o leite das suas mães. Isto quer dizer que precisam de estar perto delas. Por outro lado, todos os mamíferos têm um sistema límbico relativamente desenvolvido, este é o que possibilita o estabelecimento de laços e de relações sociais que também cumprem uma função de protecção, sobretudo para as crias. O homem, enquanto ser da cidade tem muito pouco tempo de existência quando comparado com o ser da floresta, ou da natureza. Então, tal como os outros animais, as crias humanas vêm programadas para estar junto dos seus pais, já que o afastamento destes dificultaria muito a sua sobrevivência. O homem será com certeza o único mamífero que afasta as crias de si, principalmente enquanto dormem que é o período de vulnerabilidade máxima.


Não é natural – não só não é natural afastarmos os nossos bebés de nós como ainda é mais anti-natural ignorarmos o seu choro. O choro de um bebé é dos estímulos a que é mais difícil resistir, porque estamos programados para não o fazer. Mesmo que o bebé não seja nosso, o primeiro instinto é o de fazer qualquer coisa, nunca o de ignorá-lo. As mães que seguem este método muitas vezes contam que é a coisa mais difícil que já tiveram que fazer e que é muitíssimo angustiante não fazer nada enquanto os filhos choram. Está certo que assim seja, porque não devemos fazê-lo. Um estudo mostrou que, quando os pais ouviam uma gravação dos filhos a chorar, achavam sempre que o tempo do choro tinha sido em média o dobro do tempo real, isto mostra como este é um estímulo difícil de aguentar. Mas não tem que ser assim tão difícil criar um filho: se há muita tensão em todo o processo é porque algo não está a correr bem. Cuidar de um bebé deve ser natural e agradável e, se seguirmos os nossos instintos, mais facilmente o será.

Plasticidade neuronal na infância - Nascemos com um cérebro altamente imaturo mas em grande desenvolvimento o que significa que nos primeiros três anos de vida o nosso cérebro ainda está em organização e, nesta altura são estabelecidas milhares de ligações neuronais importantes ao mesmo tempo que outras são irremediavelmente perdidas. Nestes primeiros anos de vida existe uma enorme plasticidade ao nível neuronal, o que faz com que as crianças, nesta fase, se tornem também extremamente receptivas a todo o meio ambiente, como se fossem umas pequenas esponjas que vão absorvendo tudo o que as rodeia. Durante os primeiros três anos de vida as crianças passam por aquilo a que, em inglês, se chama prunning, que significa que algumas ligações neuronais que não venham a ser usadas serão definitivamente perdidas. Um exemplo disto é a forma como se desenvolve a linguagem: os bebés nascem com capacidade para imitar todos os sons humanos. Quando nasce o bebé é, potencialmente capaz, de produzir todo o tipo de sons mas, à medida que os meses passam e ele ouve apenas os sons da sua língua materna vai perdendo a capacidade de fazer os sons que não ouve nessa língua. É por isso que, uma criança que aprenda a falar duas línguas desde que nasce poderá falar as duas com uma pronúncia igualmente perfeita mas, alguém que aprenda uma segunda língua mais tarde, por muito bem que a domine, terá sempre alguma incapacidade de produzir os sons que forem totalmente estranhos para a sua língua materna
Então esta é uma altura em que o cérebro do bebé está numa aprendizagem intensa e constante acerca do seu ambiente e das pessoas com quem vive. Todo o seu organismo está como que a ser programado para viver num determinado ambiente. Uma criança a quem os pais respondem prontamente está-se a preparar para viver num mundo onde os outros são de confiança e uma fonte de conforto. Uma criança que chora sozinha repetidamente fica programada para deixar de esperar dos outros qualquer tipo de conforto ou de consideração pelos seus sentimentos.

A experiência da cara neutra – esta mostra como os bebés, mesmo com um ano de vida, são bons a ler a comunicação não verbal dos seus pais e como precisam desesperadamente de estabelecer uma relação com estes. Se os pais não respondem ao filho, como se vê no vídeo http://www.youtube.com/watch?v=apzXGEbZht0, estes ficam aflitos e entram rapidamente num estado de agitação e aflição. O nosso cérebro possui dois hemisférios: o esquerdo que está mais relacionado com a lógica, com o racional com a análise intelectual do mundo, para prestar atenção aos pormenores e para a interpretação da linguagem e o direito que está muito mais vocacionado para se ligar às emoções, para observar o todo e para prestar atenção aos comportamentos não verbais. Nos bebés o hemisfério direito está muito mais desenvolvido, na verdade este hemisfério predomina pelo menos nos dois primeiros anos de vida é por isso que as crianças são muito mais ligadas às emoções e reagem ao mundo sempre de uma forma emotiva pelo menos enquanto ainda não dominam a linguagem, altura em que o hemisfério esquerdo como começar a tornar-se um pouco mais proeminente. Isto significa que, tal como as pessoas com afasia (um distúrbio na produção e na compreensão da linguagem) os bebés e crianças pequenas são muito perspicazes na captação das mensagens não verbais que os adultos lhes transmitem.
Então, nos seus primeiros tempos de vida o ser humano parece vir programado para procurar nos outros, principalmente através da sua linguagem não verbal, o afecto e a capacidade de estabelecer as ligações de que precisa para se desenvolver.

Prejudica  o vínculo – as crianças precisam de estabelecer com os pais um vínculo seguro. O facto de não saberem se podem contar sempre com estes pode prejudicar muito este desenvolvimento. Ver artigo: http://parentalidadecomapego.blogspot.pt/2013/05/apego-base-que-define-nossa-relacao-com.htm

Desesperança aprendida – a desesperança aprendida é um nome de Martin Seligman criou para descrever um estado muito parecido com o de uma depressão. Este estado é provocado pela sensação de que não temos absolutamente nenhum controlo sobre o nosso meio ambiente. Se um bebé chora e alguém resolve aquilo que o estava a incomodar este sente que as suas acções importam, sente que tem algum poder sobre o que lhe acontece. E esta é mesmo a melhor forma de nos protegermos contra a ansiedade e a depressão. Vários estudos na área da psicologia positiva mostram que um dos factores mais importantes para a felicidade e bem-estar é sentir que podemos controlar aquilo que nos acontece. As investigações sobre o stress também mostram que a falta de uma sensação de controlo está associada a altos níveis de stress e a uma maior probabilidade de complicações de saúde. Para saber mais sobre este tema pode ler o artigo: http://psiyoga.blogspot.pt/search/label/Psicologia%20Positiva%20-%20a%20Ci%C3%AAncia%20da%20Felicidade

Empatia – a empatia é um aspecto fundamental dos relacionamentos. É através dela que percebemos como os outros se sentem e que podemos estabelecer relações significativas e gratificantes. Um bebé a quem os pais respondem quando chora está a ser tratado com empatia. Aprende que os seus sentimentos são importantes e, esta é a única forma de, no futuro ele aprender a considerar os dos outros. Para o estabelecimento da empatia é importante que mãe aprenda a escutar o bebé. Os bebés gostam de interagir e procuram muitas vezes o contacto humano mas, um bebé pequeno cansa-se facilmente e no meio dessas interacções o bebé, muitas vezes dá sinais de que está cansado. Por exemplo, um bebé pequeno pode balbuciar e sorrir para a mãe quando esta imita os seus sons, algo que é agradável e engraçado para um bebé mas, a certa altura é natural que este se canse e que o mostre voltando a cara para o lado ou baixando os olhos deixando de interagir com a mãe. Se esta perceber que o bebé está cansado da brincadeira e lhe der espaço para ficar um pouco “sozinho” está a mostrar-lhe que as suas sensações são válidas e
importantes e que é capaz de se sintonizar com estas. Quando estas interacções acontecem repetidamente o bebé fica como que programado para valorizar os seus sentimentos e, é só através da tomada de consciência dos nossos sentimentos, que podemos passar a estar despertos para os dos outros.

Não é necessário responder sempre ao bebé – este argumento é muitas vezes usado pelos defensores do deixar chorar. De facto há estudos que indicam que a não é
necessário, nem desejável que mãe responda à criança 100% das vezes: o mais saudável para o desenvolvimento futuro da criança é que mãe responda adequadamente a maior parte mas não todas as vezes. Esta questão é importante na medida em que o bebé precisa de aprender a lidar com frustração e, por isso é desejável que a sinta de vez em quando. Mas é muito diferente deixar um bebé lidar com a frustração de tentar apanhar um brinquedo que não consegue, por exemplo, ou deixá-lo chorar sozinho propositadamente. Há sempre pequenas frustrações que surgem naturalmente e que cumprem essa função. Muitas vezes mesmo que a mãe tente consolar o bebé nem sempre percebe imediatamente como fazê-lo ou não o pode mesmo fazer, como quando o bebé está doente ou tem dores, por exemplo, mas faz toda a diferença que o bebé perceba que esta, pelo menos está presente e está a tentar dar-lhe algum conforto e carinho. Deixar um bebé chorar sozinho e de propósito mais do que criar uma pequena frustração com a qual este pode aprender a lidar activa a sua resposta de alarme e sobrecarrega todo o seu sistema de lidar com o stress.

Exposição repetida ao stress deixar um bebé chorar sozinho, repetidamente, é sobrecarregar o seu sistema de resposta ao stress. Isto, como demonstra bem o livro da psicoterapeuta Sue Gerhardt - Why Love Matters http://www.whylovematters.com/ - fará com que esse bebé tenha fortes probabilidades de se tornar um adulto com uma grande tendência para activar o seu sistema de alarme, ou seja, um adulto ansioso e com dificuldade em lidar com os desafios, porque foi um bebé que ficou programado para viver num mundo hostil e desagradável. Para saber mais sobre como isto acontece pode ler o artigo, A resposta de Stress nos bebés:  http://www.espaco-vida.com/Zen%20-%20Stress%20nos%20bebes.pdf

Desenvolvimento cerebral hoje em dia sabe-se que uma exposição repetida ao stress, para além dos atrasos cognitivos e emocionais, pode mesmo provocar um atraso no desenvolvimento cerebral. É possível ver imagens de crianças maltratadas em que várias partes do cérebro, como por exemplo o hipocampo, têm um tamanho menor do que outras crianças com a mesma idade que não passaram por essas experiências. 

Documentário sobre uma criança de dois anos no hospital John Bowlby e James Robertson fizeram um filme famoso que documentou a estadia de uma criança de 2 anos e 5 meses num hospital numa altura em que não era permitida a presença dos pais durante a maior parte do tempo em que as crianças estavam internadas. Nesta altura em 1952, Laura, uma criança de 2 anos e 5 meses  foi internada durante 8 dias para fazer uma operação. No filme é possível observar aquilo que Bowlby e Robertson classificaram como os estágios clássicos de uma criança que é privada do contacto com a sua mãe durante um período longo de tempo: no ínicio, Laura começa por chorar e gritar que quer a sua mãe durante uma boa parte do tempo. Quando a mãe a visita nos dias seguintes, Laura fica muito ansiosa e quer que esta lhe pegue ao colo o que a mãe não faz por acreditar que é contra as políticas do hospital. Nos primeiros dias, Laura mostra-se muito ansiosa e chora várias vezes gritando que quer a mãe, principalmente depois das visitas, durante os procedimentos médicos ou quando uma enfermeira se mostra mais amigável e atenciosa. Mas, a partir de certa altura, a criança deixa de chorar pela mãe e passa a exibir um comportamento mais controlado e passivo que os médicos e enfermeiras classificavam como um bom comportamento. Nas últimas visitas Laura já não procura a proximidade da mãe, embora se mostre ainda muito ansiosa quando esta se vai embora. E, no último dia, quando finalmente a levam para casa o que se pode ver é que Laura já não procura a proximidade física da mãe e caminha até um pouco atrás desta, mostrando-se mais reservada e até com uma certa apatia emocional. Com este filme, que contribuiu decisivamente para mudar a política dos hospitais no que toca á permanência dos pais durante o internamento, Bowlby e Robertson mostraram que uma criança que se sente abandonada pelos pais passa primeiro por uma fase inicial de revolta e ansiedade em que a criança exprime abertamente a sua angústia para depois entrar num estágio de letargia emocional que pode ter consequências devastadoras que podem nunca mais ser ultrapassadas, modificando para sempre a confiança que esta depositava na mãe ou no pai e alterando o seu relacionamento. Nas primeiras visitas da mãe ao hospital o que se verificava era que Laura estava numa agitação constante que vinha do medo de voltar a ser abandonada, quando este se receio se voltou a confirmar vários dias seguidos a criança simplesmente deixou de procurar activamente a mãe, o que não significa que tivesse ficado tranquila ao fazê-lo.
Um bebé que é deixado a chorar também se sente abandonado, e tal como no filme, acaba por desistir de procurar conforto na pessoa que o abandonou.

Memória implícita - Durante os primeiros dois anos de vida as crianças não têm uma memória
autobiográfica, porque ainda não conseguem organizar os seus pensamentos de acordo com os conceitos de espaço e tempo. Por isso não temos memórias concretas desses primeiros anos, no entanto, as experiências importantes dessa fase ficam registadas naquilo a que se chama memória implícita. A memória implícita é aquela que, muitas vezes, condiciona o nosso comportamento e as nossas escolhas sem nos darmos conta disso. Memória explícita é a parte da memória de que fazemos uso quando nos lembramos activamente de algo, se queremos lembrar-nos por exemplo, da festa que fizemos no nosso 15 aniversário, usaremos a nossa memória explícita para tentarmos ir buscar imagens ou sensações que estejam associadas à ocasião e que nos permitam ir buscar o fio condutor para reconstruirmos a história daquilo que se terá passado nesse dia. A memória implícita é aquilo que usamos, por exemplo, quando estamos a conduzir: não precisamos de nos lembrar detalhadamente de cada movimento que temos de fazer porque estes já acontecem de forma implicita, já aprendemos a fazer tudo o que é necessário noutra ocasião, por isso usamos esse conhecimento sem termos de recorrer a ele detalhadamente. Então, tudo o que acontece nos nossos primeiros anos de vida fica registado nessa memória implicita e, esta dá-nos um padrão, um molde de como será o mundo, daquilo que devemos esperar da vida e dos nossos relacionamentos. Se os nossos pais nos deixavam a chorar sozinhos muitas vezes, é muito provável que fique na memória implícita esse sentimento de desesperança aprendida que pode vir a manifestar-se mais tarde, em qualquer altura da vida.

Independência muitos pais usam este argumento acreditando que os filhos têm de ser independentes, por isso precisam de aprender a dormir sozinhos. Em primeiro lugar é preciso dizer que ninguém é verdadeiramente independente. Todos precisamos dos outros e, a ciência mostra, que as pessoas mais felizes são justamente aquelas que estabelecem melhores relacionamentos interpessoais. Uma criança cujas necessidades não são respeitadas terá muito mais probabilidades de se tornar um adulto dependente: porque haverá sempre um vazio por preencher. Tal como mostra o trabalho de Gabor Mate, uma boa parte das dependências – de drogas, de comportamentos ou ate de comida ou pessoas- tem por base uma sensação de vazio e de abandono que a pessoa não consegue eliminar de outro modo. Em segundo lugar é preciso dizer que não se pode ensinar ninguém a dormir, tal como não se ensina a fazer xixi ou cocó, podemos apenas dar as melhores condições à criança para que o sono, que é uma necessidade biológica aconteça. E a condição mais importante é a segurança: para adormecer bem a criança precisa, antes de mais de sentir-se segura.
Em relação à independência existem formas de a estimular que não implicam um abandono e falta de consideração pelos sentimentos da criança: deixá-los brincar e explorar à vontade (coisa que as crianças seguras, com pais que respondem às suas necessidades fazem melhor), deixá-los terminar as suas tarefas sem precisarmos de interferir ou de dar uma ajudinha quando vemos que não estão a conseguir, deixá-los levantarem-se sozinhos quando caem, não os tornarmos dependentes dos nossos elogios ou dos nossos julgamentos, ajudá-los a tomar consciência do que sentem, do que querem e de quem são, etc

Síndroma da Morte Súbita - Os trabalhos de investigação do Dr. James McKenna, que criou o laboratório de estudos do comportamento da mãe e do bebé em relação ao sono, mostram que, para um bebé com menos de um ano pode ser prejudicial dormir a noite toda. De acordo com este autor, os bebés antes de um ano de idade têm um aparelho respiratório ainda não totalmente desenvolvido e, por isso, podem surgir apneias enquanto dormem. Por esta razão, os bebés têm um sono muito ligeiro e com acordares frequentes. Se os treinarmos para terem um sono mais profundo, quando ainda não estão prontos para tal, isto pode fazer com que não consigam despertar destas apneias levando a casos de morte súbita. Para este investigador a melhor forma de o prevenir é deixando que os bebés durmam com os pais porque, os bebés que dormem com os pais, ao que parece têm um sono mais ligeiro e acordares mais frequentes – embora com menos choro e com menos tempo total em que ficam acordados durante a noite. Nas culturas onde é tradição os bebés dormirem com os pais, como acontece na maior parte dos países asiáticos, praticamente não se conhecem casos de morte súbita. Para ler mais sobre isto pode consultar o site: http://cosleeping.nd.edu/

Conclusão: um bebé que é repetida e propositadamente deixado a chorar sozinho deixa de acreditar no pais como fonte de conforto, ou na sua própria capacidade de os trazer de volta e, assim desiste simplesmente de chorar. E um bebé que desistiu de um comportamento que é essencial para a sua sobrevivência é, de certo modo, um bebé que desistiu de si mesmo e da vida.


5 comentários:

  1. Muito obrigado Laura,por descrever de um modo tao coerente e convincente,algo tao importante.Continue a publicar estas pérolas

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  2. Tão bom ver que o amor e instintos maternais estam sempre certos. Excelente artigo.

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